Pesquisa do Sebrae em Joinville revela que 70% dos entrevistados gostariam de abrir um negócio

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Apontada pelo Índice de Cidades Empreendedoras (ICE 2016) como a quarta melhor do País para se empreender, Joinville reforça o seu perfil em pesquisa inédita realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) de Santa Catarina. Setenta por cento das mais de 400 pessoas entrevistadas nos 41 bairros e um distrito da cidade disseram ter – ou ter tido – vontade de abrir um negócio próprio.

O dado faz parte de um estudo realizado pela organização da Feira do Empreendedor 2017, evento que começa hoje, às 19 horas, no Expocentro Edmundo Doubrawa. O levantamento teve como objetivo conhecer o desejo dos joinvilenses em empreender, além de identificar as principais demandas da população que são capazes de gerar boas oportunidades de negócios.

De acordo com o coordenador do Sebrae-SC na região Norte, Jaime Dias Junior, as necessidades identificadas junto aos moradores de cada bairro e de empresários possibilitaram mapear os setores com maior potencial de sucesso no município. A ideia é a de oferecer subsídios para quem pensa em criar um novo negócio.

A pesquisa considerou as áreas de serviços, da indústria, do agronegócio, do lazer e do comércio e teve como foco a percepção dos consumidores. A avaliação do especialista se reflete nos números, que demonstram maior demanda e oportunidades de negócios nas áreas de comércio e de serviços, de alimentação e de produtos de beleza.

A necessidade de mais supermercados, por exemplo, foi citada por moradores de todos os bairros contemplados pela pesquisa.Mesmo sem liderar o número de citações no setor do comércio, com apenas 11% das respostas, a demanda por supermercados em bairros da zona Sul, como Itinga, Boehmerwald, Parque Guarani e Santa Catarina, é citada por praticamente metade da população (49%).

Em outros oito bairros, a demanda também ultrapassa a barreira dos 40% entre as maiores carências de negócios. No geral, o comércio tem maior demanda por açougues (29%) e peixarias (24,3%) para a população.

Alguns bairros não têm supermercados

A percepção dos moradores com relação à necessidade de supermercados é coerente com uma realidade existente atualmente no município. Conforme a Prefeitura de Joinville, a cidade possui cadastradas, na Secretaria da Fazenda, 60 unidades de comércio varejista de alimentos classificados como supermercados. Esse total equivale, em média, a um estabelecimento para cada 9,6 mil habitantes.

A falta de opções no setor é citada pela dona de casa Terezinha Sestren, moradora do Itinga. O supermercado de grande porte mais próximo de onde ela mora está a quatro quilômetros de distância. Segundo Terezinha, existem mercados de menor porte nas proximidades da sua residência, mas eles têm pouca variedade de produtos e o preço costuma ser mais alto.

A opinião é a mesma de Delair Oliveira, que mora no Boehmerwald e faz compras, geralmente, no Centro, onde trabalha. Ela depende de ônibus e reclama que, quando precisa fazer compras maiores, sente dificuldade para levá-las para casa.

– Quando preciso fazer compras maiores é um sufoco porque tenho que andar com sacolas no ônibus, além de percorrer um bom trecho a pé com as sacolas na mão. Lojas até têm bastante, mas os mercados estão em falta. Os mais próximos são pequenos, com produtos mais caros e existem poucas opções das marcas que estou acostumada a comprar. A vida da gente anda muito corrida e seria um ganho ter opções mais perto – explica Delair.

O contraponto vem dos comerciantes do ramo. Para Adilson Gonçalves, que mantém um comércio de frutas e de verduras há 12 anos no bairro Itinga, os moradores do da região contam com uma boa variedade de supermercados e de padarias, além de bons açougues dentro dos estabelecimentos.

Consumidor quer mais e melhores opções
As principais demandas do joinvilense vão além do comércio e, conforme o levantamento do Sebrae-SC, também engloba a oferta de serviços, lazer e indústria. Os resultados para esses setores evidenciam uma vontade comum do consumidor: ter mais e melhores opções de empreendimentos dentro do próprio bairro.

Um dos exemplos é a área de lazer, em que a principal reivindicação é por cinema, opção apontada por 42% dos entrevistados, além de passeios de barco (38%) e aluguel de bicicletas (33%). Na indústria, apareceram na lista a produção de couro e calçados (24%), náutica (23%) e alimentos (23%).

Quando consideradas as oportunidades de negócios no setor de serviços, os moradores da mais populosa cidade catarinense afirmam sentir falta de cursos profissionalizantes. Na sequência, aparecem a demanda de escolas para maternal, berçários e creches (23%) e escolas de música (16%).

Produção orgânica é opção para investir no agronegócio

O agricultor Edison José Gehlen é certificado como produtor orgânico há cinco anos em Joinville. Com a produção de verduras e de hortaliças, ele enxergou um mercado que está em crescimento e, segundo a pesquisa do Sebrae, apresenta as melhores oportunidades no agronegócio.

A demanda por produtos orgânicos é a maior do setor, sendo lembrada por quase 41% dos entrevistados. Na sequência, aparecem o turismo rural (36%) e as floriculturas (27%). Para Gehlen, a expansão do mercado é resultado da consciência dos consumidores para a ingestão de produtos de melhor qualidade e sem incidência de agrotóxicos. Com produção caseira de produtos como alface, alho-poró, tomate-cereja e manjericão, ele aposta na fidelização do cliente como um dos diferenciais para que o negócio evolua.

– Uma das apostas como diferencial é o atendimento pessoal. Produzimos em casa e fazemos entrega em domicílio todas as sextas-feiras. Também já recepcionei as famílias dos meus clientes, em casa, com produtos preparados aqui (na horta). Assim, ele (cliente) sabe a procedência daquilo que está consumindo – relata.

O coordenador do Sebrae-SC na região Norte, Jaime Dias Junior, confirma a avaliação do agricultor. Segundo ele, para que o empreendedor inicie um negócio consciente, é necessário fazer um planejamento antes e que considere custos, receitas e tendências de mercado, diferenciais que agreguem valor ao negócio e à mercadoria.

– Se em um bairro já existem três ou quatro açougues, por exemplo, isso não quer dizer que não pode ter mais um. Isso é verificado no planejamento, pois esse empreendedor pode verificar, supondo que em um deles não tem gente suficiente, no outro o atendimento é péssimo, de um terceiro a localização é inadequada e o outro não tem estacionamento. Então, a percepção da população naquele entorno é de que essa demanda não está suprida de forma adequada – destaca Jaime.

Conforme ele, ao analisar o mercado concorrente e definir alguns critérios que vão ser o diferencial do empreendimento dele para os outros, o negócio tende a crescer. Na visão de Gehlen, o mercado de orgânicos ainda tem espaço para crescer no município, uma vez que há muita demanda em aberto.

– Esse é um setor que ainda não chega a ter grande concorrência porque ainda não se tem produção suficiente.

Feira reúne empreendedores durante três dias

Considerada referência no País, a 12ª Feira do Empreendedor começa hoje e se estende até domingo no Expocentro Edmundo Doubrawa, em Joinville. Em um único espaço, serão oferecidas informações sobre aceleração de negócios, abertura de empresas, palestras, gestão, oficinas práticas, alternativas de negócios, inovações tecnológicas e acesso a mercado.

As últimas duas edições da Feira do Empreendedor foram realizadas na Capital e, neste ano, o Sebrae-SC optou por trazer o evento para o Norte do Estado, que concentra uma das economias mais pujantes de Santa Catarina.

– Acreditamos que a feira tem muito para oferecer aos empresários de Joinville e região, que durante três dias terão a oportunidade de buscar informações, capacitações, fazer networking e acelerar os seus negócios – afirma o coordenador regional do Sebrae-SC, Jaime Dias Júnior.

Ao todo, os participantes terão acesso a mais de 75 palestras e oficinas sobre empreendedorismo, gestão, mercado e finanças. Além disso, os empresários podem visitar a exposição de máquinas e equipamentos, em que mais de 60 empresas estarão mostrando produtos de diferentes portes que podem auxiliar no desenvolvimento dos seus negócios.

Outro destaque dessa edição do evento é o espaço de franquias, onde 20 empresas franqueadoras apresentam seus produtos e serviços em busca de novos parceiros, interessados em empreender ou investir.Segundo Jaime, investir em franquias tem sido uma alternativa de negócio para empreendedores brasileiros.

Dados da Associação Brasileira de Franchising, em 2016, mostram que o modelo cresceu 8,3% no País se comparado ao ano anterior. O aumento nesse número, diz ele, se deve também ao formato de negócio que se apresenta como uma alternativa que já foi testada e oferece uma segurança a mais de investimento.

– A empresa franqueadora já tem o seu modelo de negócio consolidado, portanto, o risco é menor. Além disso, o investimento inicial pode partir de R$ 15 mil, dependendo da modelo de negócio – explica.

A programação da feira e informações sobre os expositores estão disponíveis em um aplicativo desenvolvido para o evento. O aplicativo Feira do Empreendedor 2017, disponível para a plataforma IOS e Android, é gratuito.

Fonte: ANOTÍCIA 

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